sexta-feira, 13 de agosto de 2010

TESTES SOCIOMÉTRICOS

INTRODUÇÃO
O teste sociométrico é uma ferramenta de grande utilidade, que é usada há muito tempo no ensino para conhecer a natureza da turma enquanto grupo e as características individuais dos alunos, no que respeita a aspectos de relacionamento, integração, sociabilidade, etc.
A aplicação e análise deste teste vai permitir-nos obter indicadores preciosos, para que futuramente possamos, por exemplo, formar pequenos grupos de trabalho ou efectuar a distribuição pelas mesas da sala, distribuindo-os de forma heterogénea, tendo em conta as características de cada um; de maneira a que exista entre eles e também na turma em geral, o melhor ambiente de trabalho possível, para uma boa consolidação das aprendizagens.
SOCIOMETRIA
Procura medir as relações interpessoais em geral, e as relações em situações de escolha em particular. Mais do que uma ciência e uma técnica para a observação e análise das relações sociais em pequenos grupos, a sociometria pode ser considerada como uma filosofia e uma proposta terapêutica para a vida social. Trata-se de uma teorização e de uma medição das relações sociais em grupo. A sociometria recorre a um conjunto de técnicas, como o psicodrama, o sociodrama e o teste sociométrico, que permitem descobrir as semelhanças e as distâncias entre os indivíduos que compõem o grupo.
TESTES SOCIOMÉTRICOS
Procura captar e mapear as relações de atração e repulsão entre os membros de um grupo social, através da investigação das preferências de cada elemento do grupo. Possibilita a obtenção, com bastante precisão, dos seguintes dados: a) a posição que cada um ocupa no grupo, bem como a que julga ocupar; b) as relações de afinidade e de conflito entre os componentes do grupo; c) a estrutura sociométrica do grupo, rede de comunicações, focos de tensões, subgrupos etc.; d) a dinâmica dos grupos:modificações dos quadros e evolução dos processos grupais.
Constitui-se basicamente por um questionário com questões projetivas (preferências e rejeições para com outros membros) ou perceptivas (preferências e rejeições que acredita receber).
O texto que se segue faz parte de um trabalho prático realizado sobre sociometria. Apenas se apresenta aqui uma pequena introdução sobre esta técnica, por se considerar de pouca relevância expor a aplicação prática.
Fundada em 1934, por J. L. Moreno, a técnica da dinâmica de grupos -sociometria - tem como pretensão uma “avaliação” das relações interpessoais no seio dos grupos. Esta técnica pretende revelar e apreciar a estrutura de um grupo; os indivíduos dominantes ou populares; os conluios; as divisões (sexual, racial, económica, etc.) e os padrões de aceitação e rejeição social. No sentido mais lato, consiste num conjunto de técnicas, não só de investigação mas também de intervenção nos grupos. No sentido mais restrito consiste no teste sociométrico propriamente dito, o qual implica a sua elaboração e aplicação bem como a construção e análise de sociogramas. A sociometria serve então para percebermos a dinâmica e estrutura de um grupo. Existem dois tipo de grupos: o psicogrupo, de menor dimensão e de estrutura mais simples, onde predominam as relações afectivas (Eu-Tu); e o sociogrupo, de maior dimensão e de estrutura mais complexa, instável e variável consoante a função do grupo. Neste último predomina o Nós nas relações do grupo. A constelação das relações sociais de um indivíduo, designada por átomo social, corresponde ao indivíduo e às relações interpessoais que estabelece com os outros. O átomo social é a unidade de medida da técnica sociométrica e a tele as relações psicológicas do indivíduo para com a mais pequena estrutura social. Os membros de um grupo funcionam como átomos sociais que estabelecem um certo número e tipo de relações (tele) que se mantêm num determinado equilíbrio. O teste sociométrico pode ser planeado para diferentes grupos e inúmeras situações, mas é mais adequado para grupos pequenos. O procedimento requer que cada membro escolha “X” pessoas do seu grupo com um objectivo específico e relativo a uma situação da vida do grupo. As questões são elaboradas de modo a pedirem a cada elemento do grupo que faça uma ou mais escolhas concretas, reveladoras de certas preferências pessoais, rejeições ou valores. Os dados obtidos permitem a elaboração de uma matriz sociométrica, que consiste num quadro de dupla entrada, que pode ser suficiente para a apreensão da estrutura das relações existentes entre os indivíduos de um grupo de pequenas dimensões. Mas, a forma de representação mais informativa é o sociograma, que exprime a rede de inter-relações do grupo num diagrama, por meio de um conjunto de convenções gráficas e do recurso a métodos estatísticos. Existem dois tipos de sociogramas, os individuais e os colectivos, assim como diversas formas de representação. Neste trabalho usar-se-á o sociograma descrito por Norway, conhecido por “técnica do alvo”, um dos mais simples de traçar e fácil de interpretar. Este consiste num sociograma colectivo construído com base nas notas de aceitabilidade, do número total de escolhas emitidas e recebidas por cada pessoa. O sociograma é elaborado a partir de três círculos concêntricos, em que no círculo central são representados os indivíduos significativamente escolhidos, ao passo que na periferia estão os indivíduos pouco escolhidos. Cada sujeito é representado no alvo de acordo com a sua nota de aceitabilidade. Os traços indicam as preferências recíprocas existentes entre os indivíduos. Os sociogramas individuais interessam quando se tem um objectivo mais específico para um indivíduo em particular.
SOCIOGRAMA
Representação gráfica utilizada em sociometria. Descreve a estrutura das relações estabelecidas entre os membros de um grupo, de acordo com uma determinada tarefa. Cada pessoa é representada por uma figura geométrica a partir da qual surgem linhas ou flechas que deixam perceber as suas relações, direcção e intensidade, com outras pessoas. A análise do sociograma torna possível perceber o papel que cada pessoa ocupa dentro do grupo ou dos grupos em que está inserida.
O SOCIOGRAMA
O sociograma é uma técnica para determinar as preferências dos indivíduos
perante diversos estímulos (pessoas) que fazem parte do seu meio. De facto, é usual
utilizar-se a analogia molecular para representar a relação existente entre membros de um
grupo a partir das respostas a várias perguntas sobre as suas preferências no contexto de
um grupo. Uma pontuação sociométrica constitui, em essência, o número de vezes que
um indivíduo foi escolhido pelos outros indivíduos para levar a cabo certos objectivos. É,
além disso, uma escolha perfeitamente consciente.
De uma perspectiva basicamente técnica, o que mais interessa aqui é que essa
tendência para seleccionar e preferir seja consciente e sirva, sobre tudo, a necessidade de
ter uma percepção do mundo organizado e útil para validar a nossa concepção de
realidade. Por isso, o investigador que necessite de conhecer a rede de relações informais
pode recorrer ao sociograma para conhecer:
1. as relações que existem entre os indivíduos, assim como a intensidade das
mesmas;
2. o grau de coesão do grupo;
3. a posição de cada membro em ralação com os demais;
4. a estrutura informal do grupo e a existência de subgrupos;
5. o nível de conflito ou de repulsa entre os membros de um grupo;
6. o grau de sociabilidade dos indivíduos do grupo.


JACOB MORENO
Psiquiatra e psicossociólogo, Jacob Levi Moreno, filho de um casal de jovens emigrantes romenos, nasceu em circunstâncias curiosas, num barco, durante uma viagem entre Bucareste e Espanha. Os seus pais não o registaram, e só em 1925, ano em que emigrou para os Estados Unidos da América, obteve uma data oficial de nascimento (21 de Maio de 1892) e um estado civil.A infância e adolescência de Jacob Moreno foram passadas em Viena.. Em 1909 inscreveu-se na Faculdade de Medicina e em 1910 propôs a grupos de crianças situações de improvisação teatral. Começa já aqui a notar-se um interesse pelos problemas de grupo e a sua dinâmica, uma espécie de premunição do futuro psicodrama.A sua primeira intervenção verdadeiramente estruturada data de 1913, quando Moreno ajuda prostitutas a organizarem-se enquanto grupo. Juntou um pequeno grupo de oito mulheres e três homens falando de coisas banais mas acabando por ir dar aos problemas da profissão. Nestas "reuniões" o objectivo principal para Moreno era "encorajar as mulheres a serem aquilo que eram: prostitutas."Moreno considerava muito importante que no grupo ocorresse "uma psicoterapia de grupo em que não só o médico assistente, como também cada indivíduo, pode agir diante de cada outro indivíduo como agente terapêutico". A esta entreajuda mútua Moreno deu o nome de encontro, uma espécie de empatia total entre os membros do grupo "(...)aproximar-me-ei de ti e tomarei os teus olhos para os pôr no lugar dos meus, e tu tomarás os meus olhos para os pôr no lugar dos teus, e eu ver-te-ei pelos teus olhos e tu ver-me-ás pelos meus." Para Moreno, o psicodrama era "um método que confere através da acção a sua autenticidade à alma permitindo a catarse pela acção".Moreno foi também responsável pela criação da sociometria e do teste sociométrico, teste que consiste em pedir a todos os membros de um grupo que designem, entre os companheiros, aqueles com quem desejariam encontrar-se, ou que prefeririam evitar, numa determinada situação.Moreno criou ainda um instrumento de análise - sociograma - que funciona como um método simples mas eficaz de obter esclarecimentos bastante precisos sobre a estrutura dos grupos.Jacob Levi Moreno morreu em 1974, deixando um importante contributo para a psicoterapia de grupos e para a psicologia social.

Obras principais de Moreno:

1953, Psicoterapia de grupo

1959, Psychodram

1970, Fondements da la sociométrie



BIBLIOGRAFIA

Bustos, Dalmiro Manuel; O Teste Sociométrico; (1997)

Testes Sociométricosde Lindsay Weld, Mary L. Northway Editor: Livros Horizonte (1999)

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